quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sepultura lança novo disco Kairos, inspirado pela história do grupo

Alex Solca/Divulgacao
Com carreira internacional consolidada, o Sepultura não esquece as raízes belo-horizontinas e deseja incluir sua cidade natal na turnê do novo disco






Depois de dois álbuns temáticos inspirados, respectivamente, em A divina comédia, de Dante Alighieri (Dante XXI, de 2006) e Laranja mecânica, de Anthony Burgess (A-Lex, de 2009), é como se o Sepultura se debruçasse sobre a própria biografia para escrever Kairos, o 12º álbum de estúdio que a banda está lançando, mundialmente, e que, de alguma forma, fecha o que poderia ser considerada uma trilogia fonográfica. “Influenciados pela nossa própria história, escrevemos as letras e a música do novo disco”, justifica Andreas Kisser, autor da oportuna e eficaz comparação. “Apesar das mudanças significativas dentro e fora da banda, este disco, de certa forma, também não deixa de ser temático”, acrescenta o guitarrista, admitindo que as mudanças sempre criam novos desafios e que isso para a arte é fundamental.



“As ações que tomamos e a repercussão positiva ou negativa que as segue”. Esta é uma definição possível de Kairos, o título do novo disco do Sepultura, cuja capa foi criada pelo artista plástico norte-americano Erich Savers, fã da banda. “O Sepultura continua muito ativo e relevante, tocando pelo mundo todo, inclusive em lugares como Índia, Cuba e Filipinas, entre tantos outros países”, relata Andreas, no momento na Europa, em mais uma turnê internacional. Atração desta quarta-feira, 29 de junho, do Weymouth Pavilion Theatre, de Weymouth, e da Islington 02 Academy, de Londres, amanhã, na Grã-Bretanha, a banda, segundo o guitarrista, não vê o mundo somente pelos olhos da mídia.

“Isso é intenso e sempre vai estar na nossa música”, pondera Andreas Kisser, lembrando de trabalhos como o que o Sepultura fez com a Orquestra Experimental de Repertório, em São Paulo; os shows ao lado do Metallica, Ozzy Osbourne, Faith no More, Iron Maiden e Anthrax, pela América do Sul, além da turnê norte-americana depois de mais de cinco anos longe daquele continente, mostram que a banda está com muita energia e presença. “É um momento muito especial da nossa carreira”, comemora o guitarrista, lembrando que o Sepultura vai chegar da turnê europeia praticamente direto para o palco do Rock in Rio, onde se apresentará em 25 de setembro.

Já no mês seguinte será a vez de a banda excursionar pelo país ao lado do Machine Head. “Temos a agenda bem cheia este ano. O disco acabou de sair e a repercussão está realmente muito boa”, reconhece Andreas, salientando a presença do Sepultura no Wacken Festival da Alemanha, em 6 de agosto. “Trata-se do maior festival de metal do mundo”, acrescenta Andreas, que ainda em julho estará substituindo o amigo Scott Ian na banda Anthrax. “Será por duas semanas. A mulher dele acabou de ganhar neném e ele tirou um tempo para ficar com a família. Aí ele me chamou para fazer 11 shows na Europa, incluindo seis com o BIG 4. As datas serão entre 2 e 16 de julho”, comemora a oportunidade.


"Espero que possamos tocar em Belo Horizonte logo. Faz muito tempo que não tocamos por aí, especialmente diante de um disco que fala da história da banda. A cidade não pode ficar de fora. Com certeza, vai ser um show muito especial”, aposta Andreas Kisser. As letras do repertório de Kairos foram todas escritas por ele e o vocalista norte-americano Derrick. “Trouxe o conceito quando achei o título do CD e, a partir de então, começamos a conversar bastante, a criar temas, nomes de música. Com o conceito definido, passei a escrever a música. Quis manter um limite de temas como se a gente estivesse ainda nos tempos do vinil, com as limitações do tempo, em vez de fazer muitas músicas no espírito jam, a ideia era focar mais nos detalhes de cada música. Trouxe 20 riffs de guitarra para o ensaio e daí começou tudo. Testamos várias ideias, gravando tudo e construindo o repertório assim”, relata o guitarrista.

Som e imagem
Para Andreas, a participação do produtor norte-americano Roy-Z foi fundamental para o processo. “Roy é um produtor-músico que tem muito know-how dentro do estúdio e nos palcos também”, justifica, ao lembrar que o guitarrista já produziu trabalhos de Rob Halford (Judas Priest) e Bruce Dickinson (Iron Maiden). Paralelamente, desde agosto, quando a banda iniciou a composição do novo álbum, o Sepultura vem filmando todo o processo, visando à realização de um documentário, sob a responsabilidade da Interface Filmes e North Produções. “Filmamos também a gravação do disco, a tour na América do Norte, aqui na Europa, onde estamos agora, e vamos registrar o que iremos fazer nos próximos dois anos”, informa Andreas Kisser, admitindo que ainda não há data para a conclusão e lançamento do filme comemorativo aos 25 anos da banda (2010) e que será viabilizado pela lei de incentivo à cultura.

“Estamos em fase de captação de recursos, mas de qualquer forma o projeto está em andamento. O tema será o mesmo de Kairos, a história do Sepultura tendo o presente por mote”. Vale lembrar que Kairos é o segundo disco do Sepultura sem a presença da família Cavalera, diante da substituição de Igor Cavalera por Jean Dolabella na bateria. Especialmente convidado para participar do álbum, o grupo percussivo francês Les Tambours du Bronx irá repetir a dose, ao vivo, ao lado da banda, no Rock in Rio.

Pauleira coletiva
A primeira e a segunda gerações do metal mineiro têm encontro marcado no projeto The Unabomber Files, que irá reunir o baixista Paulo Jr. (Sepultura) e o vocalista Vladimir Korg (Chacal) ao guitarrista Alan Wallace e ao baterista André Márcio (ambos Eminence), em disco e shows. Com três faixas disponibilizadas na internet (www.myspace.com/unabomberfiles) há três meses, o álbum, ainda sem título, deverá ter as gravações concluídas em Belo Horizonte em dezembro, para lançamento em abril.

“A ideia é tocar metal, qualquer coisa que não toquemos em nossas próprias bandas”, antecipa Alan, lembrando que enquanto o Eminence é adepto do metal core, o Sepultura já vai do chamado thrash metal e o Chacal do death thrash metal. As composições coletivas, em inglês, são feitas quando os músicos se encontram em temporadas de férias ou folgas na capital mineira.

“Será um misto de todos os estilos do metal dentro do próprio metal”, esclarece o guitarrista do Eminence, salientando o fato de fora do projeto bandas como a dele e o próprio Sepultura, por exemplo, jamais tocarem black metal. A ideia original de The Unabomber Files, cujo título remete à história de um físico americano que, na década de 1960, enviava cartas-bombas para o FBI, é de Vladimir Korg, que convidou Alan Wallace e André Márcio para o projeto.

“Como estávamos sem baixista e conheço o Paulo Jr., convidei e ele topou”, comemora o guitarrista, lembrando que há duas semanas todos voltaram a se encontrar, em Belo Horizonte, para acertar detalhes do projeto. No momento, enquanto Paulo excursiona com o Sepultura pela Europa, o Eminence afivela as malas para viajar pela Nova Zelândia e Austrália entre os meses de agosto e outubro. Vem pauleira nova por aí.

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